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18 de janeiro de 2015

Dias Perfeitos, Raphael Montes


Foda. Eu juro que tentei encontrar outro adjetivo que resumisse esta história, mas não encontrei. Dias Perfeitos é basicamente intenso, perturbador, incrível, sensacional, louco, insano. Foda. No maior grau de intensidade que essa palavra pode ter. Raphael soube como amarrar e amordaçar o leitor junto à trama e fazer com que não conseguíssemos escapar de nenhuma maneira. Ele usou e abusou da narrativa e fez com que ela se tornasse completamente estupenda em seu total. É por essas e outras que tenho certeza de que ainda ouviremos falar muito de Raphael Montes e seu dom extraordinário: escrever boas histórias. 

Desde o primeiro capítulo da trama pude perceber uma ousadia na escrita de Raphael, um tom sombrio em cada frase que só se intensificou ao longo da história e me fez querer mais daquilo. Téo é um personagem hipnotizante e você acaba sendo levado pela sua loucura durante a leitura. Não há como prever o que vai acontecer, tanto as atitudes do protagonista como o desenvolvimento do enredo são muito imprevisíveis e isso dá um toque de suspense que deixa a narrativa ainda mais frenética e alucinante.

A narrativa de Montes é muito rápida, ágil, intensa e a sensação que tinha era de estar dentro de um filme de ação misturado a um suspense psicológico e o resultado era um frenesi de emoções que me traziam uma ansiedade absurda por querer saber o que viria em seguida. Ao mesmo tempo que achei a escrita de Raphael absurdamente incrível, fiquei com medo do poder que as palavras tinham na narrativa e isso me deixava em posição de defesa, esperando o bote que eu não sabia se viria. 

A obra tem como pano de alguns pontos conhecidos do estado do Rio de Janeiro e todas as cenas e a ambientação da trama dão à história um charme sombrio. Acredito que quem conhece os lugares referidos deve ter tido uma sensação ainda mais power por saber detalhes e imaginar toda a trama nesses locais. 

Como disse anteriormente, a imprevisibilidade da história é angustiante e essa característica é levada até a última página da história. O final sem dúvidas é um dos melhores finais de livros que já li por ser surpreendentemente sensacional. Fiquei olhando aquelas linhas boquiaberto e sem reação. Podia ter imaginado muitos términos e fiz algumas teorias mas em nenhum momento o que aconteceu me passou pela cabeça. Até quem não gostou do final não pode dizer que é um final fraco. É um final à altura de toda a história. FODA!

Autor: Raphael Montes
Páginas: 278
Ano: 2014
Editora: Companhia das Letras

SINOPSE: Téo é um solitário estudante de medicina que divide seu tempo entre cuidar da mãe paraplégica e examinar cadáveres nas aulas de anatomia. Durante uma festa, ele conhece Clarice, uma jovem de espírito livre que sonha tornar-se roteirista de cinema. Ela está escrevendo um road movie sobre três amigas que viajam em busca de novas experiências. Obcecado por Clarice, Téo quer dissecar a rebeldia daquela menina. Começa, então, uma aproximação doentia que o leva a tomar uma atitude extrema. Passando por cenários oníricos, que incluem um chalé em Teresópolis e uma praia deserta em Ilha Grande, o casal estabelece uma rotina insólita, repleta de tortura psicológica e sordidez. O efeito é perturbador. Téo fala com calma, planeja os atos com frieza e justifica suas atitudes com uma lógica impecável. A capacidade do autor de explorar uma psique doentia é impressionante – e o mergulho psicológico não impede que o livro siga um ritmo eletrizante, repleto de surpresas, digno dos melhores thrillers da atualidade. Dias perfeitos é uma história de amor, sequestro e obsessão. Capaz de manter os personagens em tensão permanente e pródigo em diálogos afiados, Raphael Montes reafirma sua vocação para o suspense e se consolida como um grande talento da nova literatura nacional.


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