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10 de fevereiro de 2015

Sete Anos, Fernanda Torres


Fernanda Torres tem um talento genético, tá na veia. Talento esse que se mostrou nos palcos, no cinema e na televisão. Tendo ganhado inúmeros prêmios e feito estômagos doerem de tanto rir com suas comédias, a maestria de Torres é inegável e inestimável. Surpreendeu a todos quando decidiu entrar no mundo literário e em 2013 lançou seu primeiro romance. Fim. Foi uma estreia digna (tem resenha minha lá no No Universo da Literatura, clique aqui e confira), que só uma pessoa com brilho próprio poderia ser capaz de fazer. Fernanda é Sol. Irradia luz por onde passa e contagia todos com seu calor e sua vivacidade. Foi por causa dessa luz que passei a admirar Fernanda Torres como uma artista completa. Foi isso que me fez ficar ansioso por Fim e ainda mais por Sete Anos, depois que constatei de fato seu talento como autora.

Sete Anos é um compilado de crônicas escritas e, a maioria, publicadas durante sete anos de sua vida. Uma curiosidade é que, enquanto lia a reportagem da revista Ler & Cia, na qual ela é a capa da edição de Janeiro/Fevereiro, descobri que Sete Anos era pra ter vindo antes de Fim, porém, sabemos que isso não aconteceu e só temos a agradecer essa mudança, já que tivemos uma experiência incrível adiantada em talvez muito tempo. Sorte a nossa.

Desde a primeira crônica, Kuarup, na qual ela retrata o tempo que passou no Alto do Xingu para as gravações do filme Kuarup, com comida e acomodações precárias, pude perceber que sua escrita estava diferente. Não pior, não melhor, mas diferente. Confesso que isso me deixou um pouco desconfortável e achei que o meu ritmo de leitura diminuiu por conta disso. A escrita estava mais rebuscada, cheia de referências e ironias que me assustaram no começo. Em algumas crônicas esse desconforto voltava a aparecer, principalmente quando era sobre um assunto que eu desconhecia ou não tinha interesse, mas eu me acostumei com a sua maneira diferente de narrar.

Desde a Playboy da Leila Diniz, passando pelas pornochanchadas, revivendo histórias de trabalhos, falando de política, fazendo uma análise sobre House of Cards (♥), homenageando amigos que brilharam aqui e hoje brilham em um outro plano, Fernanda passeia por diversos momentos de sua vida e em várias passagens me peguei rindo de suas tiradas e em outras me emocionando com suas palavras. Este livro mostra uma Fernanda Torres por ela mesma. Nua, crua, real. Como não se emocionar com a carga de emoções da crônica Despedida, onde ela relata os últimos momentos com seu pai, Fernando Torres, de uma forma tão sincera e tão nua, crua e real? 

Daqui a um tempo, alguns anos talvez, relerei este livro. Talvez com uma carga cultural maior eu compreenda mais as referências e não fique tão desconfortável como fiquei em algumas das crônicas apresentadas aqui. Mas de uma coisa eu tenho certeza: Sete Anos não é nem de longe um livro fraco. Pelo contrário, é forte. Não há como ler essas crônicas sem aprender uma ou outra coisa com a autora. Isso é incrível. 

Fernanda é um diamante. Tenho orgulho dela ser do Brasil e do Brasil ser da Fernanda. São mais joias assim que a literatura brasileira e o entretenimento precisam. E repetindo o que eu fiz no final da resenha de Fim, um grande salve a Fernanda Torres, essa gênia que ainda tem muito a acrescentar na nossa cultura. Amo demais!

Autora: Fernanda Torres 
Páginas: 192
Ano: 2014
Editora: Companhia das Letras

SINOPSEA entrada em cena de Fernanda Torres no mundo das letras foi apoteótica. Seu primeiro romance, Fim, lançado em novembro de 2013, cativou centenas de milhares de leitores pelo Brasil, atraiu a atenção e diversas editoras ao redor do mundo e ainda foi elogiado pelos críticos mais prestigiados do país. Era de esperar que suas crônicas não demorassem a sair. Desde 2007, Fernanda tem mantido assídua relação com a imprensa. Estreou na revista piauí, assumi uma página quinzenal na Veja Rio e em seguida uma coluna mensal na Folha de S.Paulo. Sete anos reúne parte dessa contribuição. São pensamentos divertidos e reveladores sobre cinema, teatro, política, família e assuntos do cotidiano. Há ainda um texto inédito: o pungente “Despedida”, que trata da morte de seu pai. Os leitores de seu romance e de suas colunas na imprensa, seu público na TV e no teatro, todos encontram neste livro o tom confessional, o carisma a inteligência aguda e o olhar irônico que fazem de Fernanda Torres uma das artistas mais brilhantes de nosso tempo.

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