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27 de janeiro de 2015

A Vida Secreta das Abelhas, Sue Monk Kidd

Autora: Sue Monk Kidd
Páginas: 232
Ano: 2014
Editora: Paralela

Quando a Companhia das Letras publicou A Invenção das Asas ouvi muita gente falando bem do livro e de Sue Monk Kidd, então decidi me aventurar em uma obra da autora. Quando comecei A Vida Secreta das Abelhas fiquei um pouco com o pé atrás, afinal, drama não faz muito o meu gosto literário e parecia ser o tipo de livro novelão que as tias-avós amam (nada contra). Mas Kidd possui uma escrita bacana e a mensagem que o livro deixa pode mexer com muitos leitores (e mais ainda com as leitorAs).

Pela sinopse você imagina que a história pode ser um pouco clichê (e na verdade é): Lily, uma menina de 14 anos, branca, mal amada pelo pai e sem mãe (que já morreu), buscando saber mais sobre a matriarca foge de casa com uma mulher negra, Rosaleen, e vão parar em uma casa com três irmãs “de cor” que criam abelhas. Basicamente esta é a premissa. Entretanto, o romance não gira apenas em torno disso, há todo um contexto maior que envolve muito do que é discutido até hoje sobre os Estados Unidos daquela época.

Primeiro, o romance se passa nos anos 60 (mais especificamente 1964) na Carolina do Sul, época que ocorreu a assinatura da Lei dos Direitos Civis. É interessante ver como era a mentalidade arcaica do pessoal daquela época, como os brancos viam os negros e sentiam-se superiores sobre eles, a luta dos negros para conseguirem um espaço na sociedade e (tentarem) serem aceitos. A autora conseguiu, com sucesso, transmitir isso para o leitor, misturando um pouco de história real com a ficção de forma simples e eficaz.

O livro tem uma narrativa em primeira pessoa, narrado pelos olhos de Lily – personagem muito bem construída, que se abre para com o leitor e você se depara várias e várias vezes com pensamentos e devaneios da menina, e tudo carregado de uma simplicidade e inocência em quase toda a leitura. A forma como a protagonista evolui durante a leitura impressiona: a menina do fim do livro parece outra da menina do início. Acho que este é um dos poucos livros que li em que a personagem é uma adolescente que não é chata e mimada.

Porém, eu achei que a autora forçou algumas partes do livro, induzindo o leitor a pensar de determinada maneira. A caracterização de alguns personagens é outro ponto falho: ao meu ver há alguns detalhes desconexos, que só lendo o livro para entender melhor (a maioria que leu não pensa dessa maneira, mas não vou falar pra não soltar spoiler). O livro pode encantar muita gente, pois possui uma narrativa forte e simples, simplicidade essa que admiro e gosto bastante em obras, mas aqui não funcionou como eu esperava.

A Vida Secreta das Abelhas é um livro que fala de perdas, aceitação, crescimento, dando uma ênfase na fé, preconceitos, mas principalmente é um livro sobre mães: pessoas que erram e não são perfeitas, mas que simplesmente tem o poder de amar, independente da cor de sua pele. Se você gosta de um bom drama, esse é um livro que pode mudar a concepção sobre muita coisa.

(Uma curiosidade é que o romance foi adaptado para o cinema no ano de 2008, com Queen Latifah, Dakota Fanning e Alicia Keys no elenco, e ainda foi produzido por Will Smith. O elenco e produção são de elite, então, vale a pena conferir ^^)
“Até então eu pensava que o grande objetivo era que os brancos e os negros se dessem bem, mas depois disso decidi que um plano melhor seria todo mundo ser incolor. Lembrei do Eddie Hezelwurst dizer que eu me rebaixaria vivendo naquela casa com aquelas negras, e por mais que eu tentasse não conseguia entender por que todo mundo tinha acabado assim, por que as mulheres de cor haviam se tornado o ponto mais baixo na escala da vida. Bastava olhar para elas para ver como eram especiais, uma verdadeira realeza oculta entre nós.” — página 159.

Um comentário:

  1. "[...]afinal, drama não faz muito o meu gosto literário e parecia ser o tipo de livro novelão que as tias-avós amam (nada contra)."
    Concordei super quando li a sinopse dele HAUHSUAHSUHAUSH
    Drama é outro gênero que não me agrada muito, é legal quando aparece em livros com outro gênero predominante, mas não onde ele é o principal elemento.

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