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5 de fevereiro de 2015

Fique onde está e então corra, John Boyne


Começo esta resenha fazendo uma confissão seríssima: antes de Fique onde está e então corra, a única obra do John Boyne que eu li foi O Menino do Pijama Listrado. Vergonha de mim. Vergonha de saber que há tantos livros (bons) do autor e vergonha de conhecer tão pouco... Digo isso porque suas obras têm uma característica que eu gosto muito na literatura: a mistura de ficção e realidade. Esse fator já faz com que eu me interesse de cara pela história e por isso o shame de ter lido tão pouco Boyne.

Mas, querendo eu mudar esse quadro, com os incentivos de Luara (Boynática de carteirinha), decido ler o novo livro do autor. Minha ansiedade só cresceu quando soube que a história se passava durante a 1ª Guerra Mundial. Pra quem não sabe, meu período histórico favorito para estudar e aprender mais são as duas grandes guerras. O Menino do Pijama Listrado se passava na 2ª Guerra e eu já amei forte, então minhas expectativas com este livro estavam altíssimas e eu não via a hora de mergulhar no universo da obra.

Dito e feito, cá estou eu pensando como esse autor consegue ser tão sensacional com tanta singeleza. Boyne tem a capacidade de destruir o emocional de quem está lendo com palavras e gestos simples, mas que conseguem tocar o mais profundo da nossa alma e aí é claro que do nada vários ciscos entram nos nossos olhos e fazem com que lágrimas escorram pelo rosto, assim, do nada. O fato do protagonista ser uma criança e envolver todo um drama de perdas e conflitos já é o suficiente para tocar qualquer coração de pedra que esteja apreciando a leitura. 

O modo como o autor conduz a narrativa é muito angustiante pelo fato de não termos a menor ideia do que pode acontecer na trama, já que o tema tratado é muito delicado e não há como esperar um desfecho positivo dadas às circunstâncias do enredo, então passamos toda a leitura esperando que aconteça um BOOM que pode nos desestabilizar. John Boyne soube utilizar este artifício impecavelmente e usou para favorecer ainda mais a narrativa e fazer com que ficasse grudado na história esperando por mais.

Alfie é um personagem que me cativou ainda mais que o Bruno (do Pijama). Criei uma compaixão por ele que é difícil explicar, talvez pelo fato dele ser mais novo, viver de uma maneira mais humilde e ter uma inocência maior em sua personalidade. E mesmo não sendo Alfie o narrador (a obra é narrada em 3ª pessoa), a escrita possui uma inocência em suas páginas que emana para o leitor e a leitura fica ainda mais agradável. 

O final foi à altura do que eu esperava, mas não me surpreendeu. Confesso até que esperava um pouco mais, com um início e um desenvolvimento tão bons. Mas nem de longe foi um final frustrante, e não tinha como ser, Boyne é muito competente no que faz e este livro só me fez ficar ainda mais fascinado com sua escrita. Adorei.

É uma linda história para quem gosta do gênero e uma ótima pedida de presente para qualquer ocasião. Se você gosta de história mundial e um bom drama, tá aí o livro ideal. 


Autor: John Boyne
Páginas: 224
Ano: 2014 
Editora: Seguinte

SINOPSE: Alfie Summerfield nunca se esqueceu de seu aniversário de cinco anos. Quase nenhum amigo dele pôde ir à festa, e os adultos pareciam preocupados - enquanto alguns tentavam se convencer de que tudo estaria resolvido antes do Natal, sua avó não parava de repetir que eles estavam todos perdidos. Alfie ainda não entendia direito o que estava acontecendo, mas a Primeira Guerra Mundial tinha acabado de começar. Seu pai logo se alistou para o combate, e depois de quatro longos anos Alfie já não recebia mais notícias de seu paradeiro. Até que um dia o garoto descobre uma pista indicando que talvez o pai estivesse mais perto do que ele imaginava. Determinado, Alfie mobilizará todas suas forças para trazê-lo de volta para casa.



2 comentários:

  1. Oi Gustavo!

    Eu também só tinha lido "O Menino do Pijama Listrado" antes de "Fique Onde Está e Então Corra", rs. Meus períodos históricos favoritos também são as duas Grandes Guerras, contando que eu não sou muito fã de História. Achei que Boyne soube trabalhar muito bem com essa história. Gostei bastante também.

    Beijo!
    http://www.roendolivros.com/

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  2. Do autor, eu ainda não li nada, e só conhecia O Menino do Pijama Listrado, mas a sinopse do livro me chamou muito a atenção, por mais que eu não seja fã desse gênero.

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