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19 de dezembro de 2014

Put Some Farofa, Gregório Duvivier

Depois que minha professora de arte do ensino médio contou que adorava andar de bicicleta na chuva e que a sensação era libertadora, sempre tive essa vontade de experimentar essa Sensação com S maiúsculo. Chuva vinha e chuva ia e eu nunca me lembrava de pôr em prática meu desejo. Até que hoje, assim que começou a chover, decidi que estava na hora de enfrentar a enxurrada e, sob protestos de minha mãe, “você vai pegar uma gripe, moleque”, peguei a bicicleta e fui andar no meu bairro. 
Ela tinha razão. Foi uma das sensações mais libertadoras que já senti e enquanto meu medo de pular de para-quedas impede essa sensação de ser maior, me satisfiz, e muito, com a pedalada na chuva.

Aí você me pergunta: o que isso tem a ver com este texto? Simples: enquanto estava na chuva me lembrei que hoje mais cedo havia terminado de ler um dos livros mais libertadores desse ano e quiçá (sempre usar a palavra quiçá em uma frase) da minha vida. Put Some Farofa. Um compilado de crônicas e esquetes do aprendiz de gênio Gregório Duvivier. E é sobre isso esse livro que eu quero falar hoje. E não, isto não é uma resenha.

Acompanho Gregório desde o começo do Porta dos Fundos. Não o descobri por acaso: Clarice me trouxe Gregório. E a agradeço cada vez que leio um de seus textos. Sempre o achei genial em suas tiradas. Assisti várias, não digo todas, entrevistas que ele deu na tv. Algumas vezes penso que ele deveria aparecer mais nessa mídia, mas aí me dou conta que Gregório é tão autossuficiente que nunca precisou disso. A TV é que deveria ir até o Gregório, não o contrário. 

Foi vendo um vídeo e lendo uma crônica que aos poucos fui admirando cada vez mais o trabalho desse autor-ator-roteirista-humorista-cronista e todas as mais istas e ores que ele pode ser. Foi dessa admiração que eu senti a necessidade de ler Put Some Farofa.
Se eu não achasse esse termo um tanto quanto inadequado e de duplo sentido, afirmaria que li Put Some Farofa em uma sentada. É fácil gostar do que Gregório escreve, não há nenhuma parafernália (juro que não foi intencional) em sua escrita, é tudo muito cru e direto. São relatos, divagações, nonsenssisses e outros textos tão geniais que é difícil falar do que mais gostei. Acabava uma crônica com o pensamento convicto: “essa é a melhor crônica deste livro”. Até que eu lia a próxima e a achava melhor que a anterior. Foi assim até o final do livro e quando terminei a última não consegui escolher uma melhor. 

Duvivier é tão fantástico no que faz que me fez rir e chorar e chorar de rir e rir de chorar. Se ele fosse meu amigo, o abraçaria e diria obrigado. Na verdade ele é. Sem querer ele se tornou o melhor amigo durante a leitura. Sem ele saber, é claro. 
Se Gregório não fosse o Gregório e fosse meu amigo, mas mesmo assim existisse um Gregório que fosse o Gregório eu entregaria o Put Some Farofa a ele e diria “lê esse, o cara que escreveu é foda, dá pra ler numa sentada e depois que terminar você vai querer fazer algo libertador. Só cuidado se for andar de bicicleta na chuva, peguei uma gripe com isso...”

Autor: Gregório Duvivier
Páginas: 208
Ano: 2014
Editora: Companhia das Letras

SINOPSE: Don’t repair the mess. The house is yours. I make question. Pardon anything. Go with god. Come back always. Publicada em julho de 2014, a crônica que dá título a este volume, que cria uma conversa imaginária entre um brasileiro e um gringo visitando o Brasil durante a Copa, rapidamente se tornou um viral de internet com mais de 230 mil compartilhamentos, até ser comentada em artigo do Washington Post. 
Trata-se de uma amostra da verve humorística - embebida de zeitgeist, crítica ferina e muito afeto - de Gregorio Duvivier, um dos autores mais inventivos e promissores do Brasil na atualidade. Reunindo o melhor de sua produção ficcional, Put some farofa traz textos publicados na Folha de S.Paulo e esquetes escritos para o canal Porta dos Fundos, além de alguns inéditos. 
Se Gregorio revela o raro dom da multiplicidade, tendo despontado no cenário cultural brasileiro ao mesmo tempo como ator, roteirista, comediante, cronista e poeta, também múltiplo é este volume, que transita entre ficções, memórias de infância, ensaios sobre artistas que o influenciaram, artigos de opinião, exercícios de estilo e experimentações sem fim. Os textos vão da pauta que está sendo debatida naquele dia no jornal ao completo nonsense; do lirismo ao humor escrachado; do íntimo ao universal.
No conjunto, o que espanta no autor é o frescor, a coragem, e, sobretudo, a capacidade inesgotável de se renovar a cada semana, contando sempre com a inteligência e a sensibilidade do leitor.



10 comentários:

  1. E se eu te disser que essa não é uma resenha, mas me convenceu a ler esse livro como nenhuma outra faria? Agora por culpa sua, além de colocar o livro na lista de desejados e ter que gastar dinheiro, vou ter que andar de bicicleta na chuva e pegar um resfriado. Parece que ler esse texto só me fez mal.

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  2. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Adorei!!

    Esse moço é muito bom mesmo!! Vi o livro e fiquei curiosa. O gênero me agrada muito mesmo!! Acho que todos sabem disso.

    Tá na lista já!

    Bjks

    Lelê

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  3. Não foi uma simples resenha mesmo, foi muito melhor do que isso!
    Não conhecia o trabalho do Gregorio como cronista e afins mas adoro os vídeos do cara, serve? rs
    Fiquei convencida a ler o livro e isso que importa.

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  4. Que coragem andar de bicileta na chuva.. Tenho que fazer um dia!

    Não estava mt ai oara esse livro auando lançou mas agora preciso ler put some farofa. Haha adoro o titulo do livro!

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  5. NOSSAAAAAA, adorei esse livro, bom, pelo menos a ideia, não é um gênero que costumo ler, mas parece ser muito legal. E já disse que adoro esses seus começos ? EU nunca andei de bicicleta na chuva (não por querer, pelo menos) mas eu adorava brincar na chuva, e é quase o mesmo HUAHSUAHUS

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  6. Conheço apenas o trabalho de ator do Gregório. Assisti pouquíssimos vídeos do Porta dos Fundos, e vi apenas uma ou duas entrevistas com ele. Fiquei surpreso ao saber que ele é tão bom assim. Ele é bastante jovem, mas mostra uma maturidade acima do normal. Fiquei bem curioso pra ler esse livro agora.

    @_Dom_Dom

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  7. Olá, Gustavo!

    Desde que soube do lançamento desse livro, me interessei. Sou fã do Gregório, então é claro que comprarei essa obra. Amo a multiplicidade dele ;)

    Até logo,
    Sérgio H.

    www.decaranasletras.blogspot.com

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  8. Agora sou eu que estou com vontade de andar de bicicleta na chuva HAHAHAHA

    Conheci o Gregório pelo Porta dos Fundos e o achava super engraçado então dá pra imaginar como o livro dele é.

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  9. E olha que sua mãe avisou que você pegaria gripe hein hahah
    Conheci o Gregório através do Porta dos Fundos e ele é muito bom no que faz. Fiquei curiosa para ler suas crônicas e espero que seja tão bom quanto você me fez acreditar!

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  10. Gustavo ganhei o livro do Grigório de Natal e li em 2 dias!!
    Simplesmente ameeeeei, ri até chorar, ele é muito inteligente e com tiradas fenomenais, super recomendo a leitura. Parabéns pela entusiasta resenha, quem não leu vai querer ler rsrsr.

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