As Batidas Perdidas do Coração, Bianca Briones

Gustavo está em um relacionamento complicado com o Gênero New Adult.

Meu nome é Gustavo e eu saio com Gêneros Literários. Sim, você não entendeu errado: eu saio com Gêneros Literários. Encontro mesmo, restaurante, aquela coisa de relacionamento. Sim, já me decepcionei várias vezes. Mas também já tive ótimas surpresas. Nunca me casei com um deles, porque não sou homem de um Gênero só. Sempre saio em busca de outros. Às vezes saio mais de uma vez com um Gênero, mesmo que ele já tenha me decepcionado antes. Esse é caso do tal New Adult, que sempre me ganha no papo e no final nunca dá em nada. Já me chamou pra sair umas duas ou três vezes e em todas elas me decepcionou. Ele não cansa de se oferecer e eu, ingênuo, continuo aceitando seus convites. Mas dessa vez alguns amigos que saíram com ele disseram que havia uma boa história ali, então aceitei e saímos. Ah, outra coisa que você precisa saber é o seguinte: normalmente os Gêneros me levam para um restaurante e durante o relacionamento eles me contam uma história e eu vejo se gosto. Quando eles terminam eu analiso se namoro, se caso ou se eu termino de vez com eles. Assim funciona a conquista nesse mundo da Literatura.  

New Adult me levou pra um restaurante bem conceituado pela crítica e que geral que tá falando bem. As Batidas Perdidas do Coração, da chef Bianca Briones.

Logo que entramos percebi que o restaurante possuía um fundo rock and roll todo estiloso e já curti. NA, para os íntimos, me levou pra uma mesa e pedimos. Enquanto comíamos, ele começou a contar a tão esperada história e eu fui analisando a narrativa. Era uma história de amor entre dois jovens, patricinha e badboy. Me interessei, com expectativas altas. Esse Gênero é um dos mais travessos e picantes que conheço. Normalmente de cara ele já vem com aquelas cenas provocantes, mas dessa vez ele se conteve. Demorou para alguma delas aparecer. Quando veio, confesso que não me envolvi. Não sei, mas a forma como ele contava não me envolvia. Narrava ora pela protagonista feminina, ora pelo protagonista masculino, conseguindo se expressar melhor na forma feminina. Por vários momentos achei a narrativa masculina forçada, não me convencia. Outra coisa que não me convencia eram as atitudes da protagonista: não entra na minha cabeça uma pessoa ser capaz de tantas coisas pela outra. Tudo bem que tem a questão do amor, mas chegou a um ponto que era demais. Não, gente, tá errado. 

Outra coisa que já de cara não gostei na história foi o clichê: menina rica, rapaz pobre e badboy. Essa fórmula continua funcionando pra muita gente, mas estou tão precisado de coisas novas e diferentes...

Quanto aos personagens, o que mais conseguia enxergar a realidade de tudo era o avô da protagonista, que na história era uma espécie de vilão. Se fosse minha neta, confesso que teria feito igual ou pior.

As músicas que embalam a história dão um toque muito especial à obra. Digo isso porque quando o NA contava a história enquanto alguma música tocava, conseguia me embalar melhor na trama. Quando não tinha música, não ia. Engraçado, né? Nunca tinha acontecido algo assim comigo. 

Ponto positivo também aos quotes, que são vários e cada um mais lindo que o outro. Adorei!

O final da narrativa não me decepcionou. Eu não estava esperando algo demais, mas acabou me surpreendendo. Acho que meus amigos falaram tão bem dessa história que eu fui com muita sede ao pote. Achei que dessa vez seria diferente. Foi melhor que as anteriores, mas ainda não foi aquilo tudo que esperei.

Não desisti de NA. Viramos amigos, nada de relacionamento sério por enquanto, mas uma hora eu sei que vai dar certo.

"[...] quando o coração quer uma coisa e a mente quer outra, devemos pesar o que é mais importante para nós: a razão ou a emoção. E, se não conseguirmos chegar a uma conclusão satisfatória, o coração é o melhor caminho. A mente não vai se esquecer, mas o coração é capaz de superar tudo, caso tudo dê errado."

Título: As Batidas Perdidas do Coração
Autora: Bianca Briones
Páginas: 406
Ano: 2014
Editora: Verus

SINOPSE: Viviane acaba de perder o pai. Com a mãe em depressão, ela se vê obrigada a assumir o controle da casa com o irmão mais novo. Rafael teve o pai assassinado há alguns anos e agora viu quatro pessoas de sua família, incluindo a única irmã, morrerem em um acidente de carro.

Viviane pertence a uma classe social que ele despreza. Rafael é tudo o que ela sempre ouviu que deveria evitar. Eles são opostos, porém dividem a mesma dor. Jamais se aproximariam se a morte não os colocasse frente a frente, e agora, por mais que saibam que são completamente errados um para o outro, não conseguem evitar uma intensa conexão, que poderá salvá-los ou condená-los para sempre.